domingo, 31 de outubro de 2010

Filho único de mãe solteira

A verdade é que nunca me interessei por política, seja por alienação mesmo, ou por pura preguiça. Preguiça de me interessar pelo assunto, correr atrás do tempo perdido e por fim, de ter coragem de assumir uma postura, o que sugere a possibilidade de um comodismo. E eu falo isso muito mais num caráter de confissão do que me vangloriando por tal comportamento.

Mas nessas eleições vi que o engajamento popular foi muito grande.
Melhor dizendo, o "engajamento virtual" através do FB foi muito grande.
Até aí tudo bem, normal até, um evento político de suma importância para o País, seja você alienado ou não, faz parte do prato do dia.

Mas o engraçado é ver esse súbito interesse político, a tão chamada “Consciência Política", nascer quase do nada para algumas pessoas, e saber que não será difícil comprovar que irá se esvair, assim que a poeira baixe.
Isso me lembrou um pouco a Copa do Mundo, quando todo mundo do nada passa a ver futebol, discutir futebol, opinar futebol fervorosamente, de forma fanática quase. Tudo bem, bem sei que somos o Pais do Futebol.
Eu por exemplo, gosto de esportes em geral, quem me conhece sabe que acompanho, leio colunas, pago minha Net pra ter acesso a programas que não teria de outra forma. Entendo pouco mas gosto muito.
Não porque tá na moda, porque foi Copa do Mundo ou porque é bacana conversar com alguém sobre tênis por exemplo.
Mas eu de fato gosto, só isso, na solidão do meu apreço pelo tema.

Mas a real é que para muitas pessoas esse é um tema que só desperta o interesse, repentino diga-se de passagem, de 4 em 4 anos.
Justo. Fair enough.
Mas futebol não é política ainda que role muita palhaçada nas duas áreas.

E antes que alguém me aponte o dedo eu mesma ratifico o que disse lá em cima:
Não sou politizada e poderia ser chamada de alienada. Até teria um candidato caso fosse votar, porque mesmo morando no Rio há 6 anos nunca tive a iniciativa de transferir meu título (Errada eu, eu sei!).
Agora eu mesma me pergunto até que ponto esse meu voto seria baseado apenas nas minhas convicções políticas, caso as tivesse. Não tenho vergonha em dizer que ouço e escuto pessoas que acredito e sei que possuem de fato uma consciência política, independente de partido. Talvez por outras afinidades, por respeito e confiar na idoneidade delas.
Ou talvez por ter ouvido despretensiosamente diálogos onde eu via as pessoas explanarem seus votos pelas razões mais simples e concretas, independente de discussão política, de defesa de Sicrano ou Beltrano:
A vida ficou mais fácil. Como assim? Agora como carne.

Era isso. Daí o título desse post. Não posso falar mais nada, até que eu conquiste o direito de falar sobre algo com propriedade, conhecimento de causa.
Prometi que iria transferir meu título agora.
Vamos ver até onde vai meu ímpeto político.



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Morando Só

Eu moro sozinha. Amo. Ainda que receba muitos amigos em casa gosto de curtir o “estar só comigo” e não necessariamente estar só.
Tenho inclusive o hábito de ao chegar em casa, dizer, Oi minha Casinha. 
Eu falo mesmo, não é uma voz em pensamento.
Enquanto ela não me responder, tá tranquilo.
Isso de falar sozinho, rir, fazer comentários é bobagem, certo, tenho verdadeiras conversas comigo. Falo, me escuto, respondo, replico, enfim, normal. 
Ás vezes, a depender da necessidade, no meio de uma discussão mais profunda e séria sobre algum assunto, chego a me dirigir ao espelho e me olhar fundo nos olhos. Só pra que eu tenha a certeza do que estou querendo me dizer. 
Aquela velha estória do olho no olho, sabe.
Bem, são coisas que acontecem e muitas vezes a gente não fala, não compartilha, até pra não causar uma idéia errada a cerca do estado mental da pessoa, essa que vos fala. Mas como não ligo muito para algumas coisas, principalmente no quesito auto-escárnio, segue a seguinte narrativa.

Tenho a mania de não carregar meu celular até que ele esteja completamente descarregado. Outro dia estava chegando em casa do trabalho, meu Cel já estava nos minutos finais e para acelerar o processo resolvi ficar ligando para minha casa, onde eu sabia que não ia correr o risco de alguém atender.
Bem, pelo menos a idéia inicial era essa.
Eu já me encontrava no elevador, lá pelo 8º andar mais ou menos, e quando estava chegando no meu andar, moro no 12º, pude ouvir o telefone da minha casa tocando insistentemente. Ainda pensei: Vou correr pra atender, pode dar tempo.
Sim, eu fiz exatamente isso, com toda fé cênica que Deus me deu.
Corri corredor a dentro, abri a porta esbaforidamente e atendi o telefone, ainda com o celular na mão.
Falei: Alô? Mudo.
De novo: Alô?
3x. Falei 3 vezes. Indignada que não me respondiam.
Mas desliguei o telefone intrigada: Estranho, parecia que tinha alguém do outro lado...
E coloquei o fone no gancho. Acho que foi só aí que minha ficha caiu. Só aí.
Houve uns segundos de constrangimento. Ninguém dizia nada muito menos eu. 
Por fim resolvi não comentar o assunto, nem pra mim mesma.
Fiquei quieta, aparentei normalidade, e com cara de paisagem fui fazer xixi. 
Como se nada tivesse acontecido.
O Silêncio é de ouro.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ah Vinicius...

O homem que diz dou, não dá, Porque quem dá mesmo não diz.
O homem que diz vou, não vai, Porque quando foi já não quis.
O homem que diz sou, não é, Porque quem é mesmo é não sou.
O homem que diz tô, não tá, Porque ninguém está quando quer.

Ah Vinicius! Se essa pérola fosse incluída nas escolhas musicais dos Jardins de Infância, acho que teríamos uma geração muito mais promissora.
Já pensou, desde os 5 anos de idade o menininho ouvindo isso, tipo um mantra:
Professora: Vai Joãozinho:
Joãozinho: "Porque quem dá mesmo, não diz"
Professora: Mais alto!!
Joãozinho: "PORQUE QUEM DÁ MESMO NÃO DIZ"
Professora: Não tô te ouvindo Pedrinho...
Pedrinho: "O homem que diz sou, não é."
Professora: Mas não é porquê garoto?
Pedrinho: "Porque quem é mesmo é não sou".
Professora: Todo mundo agora, 7, 8, e....
           
Já pensou nos benefícios a longo prazo? Assimilando isso?
Minha afilhada Nicole, por exemplo, já ia desfrutar desse avanço.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fichas "quicantes"


Às vezes eu tenho a impressão de que minhas fichas não caem nunca.
Elas quicam. Quando eu acho que entendi alguma coisa, que finalmente já posso mudar de nível no vídeo game, trocar de faixa no Judô eu volto uma casa no tabuleiro. 
Sempre que sinto isso me lembro de um livro que li da Isabel Allende, Paula, quando não sei bem se ela ou outra pessoa fala que nós crescemos como num espiral ascendente, de forma que temos sempre essa sensação de repetição, de que as coisas não mudam, de que não estamos saindo do lugar. 
Porém sendo a trajetória ascendente estaríamos sempre um pouquinho acima daquilo do que já passamos, e como nem sempre conseguimos nos distanciar para perceber essas pequenas variações, enlouquecemos, surtamos,   nos entregamos a um negativismo de pensamento condicionado. 
Achamos que nada muda nunca, que somos os mesmos, com os mesmos erros, características, condenados a uma mesmice. Talvez sim. Talvez não.

Isso também me fez lembrar de outro livro da Isabel Allende.
A Casa dos Espíritos. 
Se ao final da nossa vida, pudéssemos colocar em sequência tudo aquilo que nos aconteceu, quadro por quadro, poderíamos entender o porquê que tudo foi como foi, e assim, com sorte, entender porque tudo é como é.

Bem, diante da "Dica" seria muito mais emocionalmente inteligente, e porque não dizer também, menos desgastante se a gente não se consumisse tanto.
Fôssemos mais generosos com nós mesmos, e aproveitando o ensejo, com os outros também. Penso pra mim isso: Mais calma (não apatia), mais paciência!
Eu acho que eu era o tipo de criança que naquelas experiências escolares, do feijão no algodãozinho, ficava olhando o algodão querendo “ver” a coisa acontecer. 
Até que eu me distraía, minha atenção mudava de foco e quando eu ia ver, tava lá, o feijãozinho brotando....

Enquanto isso na sala de justiça, vou vivendo das minhas fichas acrobatas e daquilo que elas me permitem entender. 
Me pregando peças, fazendo achar que sei, que entendi, mas depois dão uma cambalhota e me deixam no ar. Vai ver que é assim mesmo não é?
Já que eu entendi que é assim, que não é pra entender, ou melhor, que não é pra querer reter o aprendizado, já o transformando em dogma, não levando em conta de que tudo pode mudar a qualquer momento, melhor deixar o aprendizado "solto". Assim como veio, vai.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

No Dia a Dia.

Tinha um mosquito que morava no meu quarto que vinha me comendo um pouquinho a cada noite. Até aí tudo bem. Nada demais.
Fosse ele discreto, objetivo e evitasse os membros superiores, não seria assim um drama. Mas ele insistia em sobrevoar meu ouvido com vôos rasantes e isso me fazia perder a paciência, assim como o sono também. 
Eu me auto-acordava com tapas na orelha, quase já iniciando uma conversa de negociação com o inseto: Porra, quer morder, morde, tenho um pé enorme e gordinho onde tenho a certeza de que você poderia se abastecer tranquilamente sem causar tumulto. 
Ia fazer xixi e quando voltava, já de luz acesa, ficava quase como um ninja me perguntando onde ele poderia estar agora, escondido em tantas possibilidades de esconderijos possíveis.
Certamente ele estaria me olhando me achando louca na sua cruel satisfação em me irritar. Porque era intencional, era pessoal, estava cada vez mais segura disso.
Por fim acabava voltando pra cama. 
Ou ligava o ventilador no máximo mesmo em noites mais frias, ou colocava almofadas na minha orelha, o que é um saco, além do calor eu me mexo muito. Madrugadas seguidas dessa forma.
Até que na última quarta mudei de estratégia.
Na primeira manifestação do dito inseto, me levantei calmamente, segura do que estava fazendo. Sem me bater, mudinha fingi que ia fazer xixi. 
Faço muito isso então não havia chance de levantar suspeita. 
Deixei passar 2 min. e voltei pé ante pé para o quarto. 
E lá estava ele, na maior cara de pau, na parede logo acima da minha cama, pronto pra mais uma sessão de tortura. Obeso. Quase uma mosca. 
Peguei minha havaiana, mirei o FDP e num movimento único, rápido e ágil, dei-lhe uma chinelada capaz de matar uma varejeira. 
Minha satisfação foi solitária, mas tudo bem.
A parede suja de sangue era a prova do meu crime. 
Assassinato Doloso. Com muito dolo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Luz no Absoluto.

Feriado forçado hoje. O cinema não pagou a conta de luz, uma quantia módica em torno dos 6 mil reais, e a Light se fez presente cortando a luz da gente. Imagine só, ficar devendo essa grana de Luz, e eu que me senti super culpada por ter atrasado pela primeira vez 1 dia o pagamento da minha conta de luz $53,23.

Acho que sou muito certinha. Já que tinha varrido, cozinhado, corrido, perdido a noite vendo Vale Tudo, uma vez que não poderia assistir no horário alternativo ao meio dia, fiquei sem ter o que fazer.
Sou certinha e lentinha, só espero não ser chatinha. Sinto falta da "concretude" do Ballet. Se eu não conseguia fazer uma pirueta eu sabia exatamente o porquê.
Ou tava sem eixo,  ou a cabeça não tava fixa como deve ser, perna froucha, enfim.
Eu via, eu sabia, eu buscava e me esforçava e pronto: Eu melhorava.
Essa idéia de melhorar, de querer ser melhor, cansa muito.
A gente tinha que se esforçar.
Nem precisava ser boa, mas tinha que ser esforçada. Eu me lembro que sempre que perguntavam, fulaninha é boa no Ballet? (No meu meio era quase como perguntar se a pessoa tinha caráter) a melhor resposta de todas era: É esforçada!
Isso é muito bom. Tinha até nota pra isso. Aí a gente cresce com isso, com essa mania de melhorar, de ser uma pessoa melhor e se não está melhorando é porque você não está se esforçando o bastante. Só que eu mesma nunca sei quando é isso.
Além de obsessiva, crítica, e certinha dizem que sou teimosa.

Não sei bem se foi minha personalidade que “combinou” com algumas premissas do Ballet clássico ou se ela se deixou moldar por ele. O que eu sei é que me bato muito nessas questões: Certo, errado, depende, Ah, vai de cada um, faz o que vc acha que é certo, o que é melhor pra vc. E a pior de todas: ouve seu coração.
Tenho pra mim que meu coração ou é mudo ou é muito tímido pra se expressar assim, num momento de tensão.
Eu queria que tivesse um índice de esforço pra gente poder visualizar, tipo uma conta de luz e gás que chega na sua casa todo mês. Um colesterol da vida tem que estar abaixo de 200, não é, o índice de esforço teria que estar, vejamos, acima de 70 pelo menos. Sei lá, aí vai de cada um mesmo, sorry. Mas não.
O que resta é a nossa consciência. Agora pronto. Pausa Tchekoviana.

Quando criança a gente ouve que isso é certo e aquilo é errado.
Vira adulto e acha que algumas dessas verdades são absolutas.
Se formos inteligentes e sensíveis o suficiente para absorver o mundo a nossa volta tal qual ele é, e não como ele nos foi ensinado, doutrinado, a gente percebe que elas, as verdades absolutas, não existem, e sendo assim, o conceito de certo e errado acaba sendo um fator relativo, de acordo com circunstâncias, de acordo com culturas, credo, raça.
De acordo com inúmeras variáveis onde não há espaço para o absoluto.

Eu queria não querer acertar.
Ou melhor, não achar que eu tenho que acertar para que algo aconteça.
Não me importar em errar, mas uma vez errando aprender a conviver com isso, com o dito erro, com a suposta falha.
Sem drama, açoites e culpas. 
Não me castigar assim como também não ser impiedosa com um provável e inevitável erro do outro.

“ Não existe certo ou errado. Agimos conforme o necessário.”
Bergman, Morangos Silvestres.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Começo

Estou ensaiando isso faz tempo. Assim como várias outras coisas na minha vida.
As razões são várias.
Um criticismo agudo, meu e dos outros. Sim, eu ainda me importo com coisas que não deveria me importar.
Medo, insegurança.
Acho também que é um pouco de pretensão minha escrever um Blog.
Pra quê? Qual a utilidade disso? Quem vai querer ler? A quem interessa?
Fiquei pensando naquele filme,  "Julia and Julie" onde a personagem numa crise de identidade pessoal e profissional acaba por criar um Blog para narrar suas experiências gastronômicas a partir de um livro de culinária. Ok.
Um sentido, um objetivo. Mas e eu?
Sou muito barroca também. Meu pensamento não é linear assim como também não o é minha forma de sentir,  e expressar isso dá trabalho. Tá aí, pode ser que seja preguiçosa também e a iniciativa de criar esse tal de Blog venha para quebrar esse padrão. Acho graça que todo mundo que começa a escrever, e nem sei se já posso me incluir nesse Hall de gente, diz: Estava sentindo a necessidade de escrever.
Acho que a minha necessidade maior mesmo, a que me fez e me faz estar aqui agora é a de Ser.
Tenho a impressão que não tenho sido muito e isso tem me aprisionado.
Procurar uma liberdade através de algo que considero por vezes um cárcere é um pouco tanto quanto contraditório. Palavras pra mim sempre foram armadilhas, jaulinhas de conceitos que tentam expressar, explicar, dissolver, iluminar, sei lá. Por isso eu admiro muito quem delas consegue se melhor servir. É isso. Palavras podem ser um grande Buffet e eu fico em pânico e ansiosa quando vou num a quilo que gosto muito, ainda mais com fome: Quero tudo, muito, sem ética nenhuma e acabo perdendo a medida.
Essa palavra ou a outra, qual a melhor, qual o sinônimo, e se eu disser isso e parecer que eu estou dizendo aquilo? E se as pessoas não me entenderem, eu vou ter que escrever outra coisa pra explicar a anterior?
Não vou parar de escrever nunca mais! Eu que sou obsessiva e adoro me explicar vou criar meu próprio inferno. E nesses e "ses" da minha vida eu fui procrastinando uma idéia. Muitas idéias.
Eu nem sei bulir nisso ainda e vou me bater bastante considerando que sou uma mulher de 35 anos que considera baixar uma música uma coisa do outro mundo quase. Inclusive isto está na minha lista de resoluções de ano novo, estou entre aprender a baixar música ou responder mais prontamente meus emails.
Tenho optado nos últimos anos por coisas simples assim. Ano retrasado foi beber mais água e esse ano que passou foi cuidar mais das minhas unhas.
100% de aproveitamento.
Coisas que a gente consegue ver se realizando, dá uma certa motivação, sabe.
Ou seja, pra não perder o fio da meada, se é que algo já foi dito, a idéia é praticar. Exercitar e tentar deixar o chicote em casa para que as coisas possam fluir sem que o Darth Vader que mora em mim, o lado negro da força, assuma controle e me sabote mais uma vez.
Quem sabe assim eu consigo extrair de mim mesma uma célula de trabalho, um texto, uma peça, um curta.
Sei lá, eu preciso trabalhar como atriz. Ponto.
Preciso Ser aquilo que sei que sou mas está entupido.
Inverter o jogo.
Não sei bem do que vou falar, como, frequência e temática. Não sei.
Vou descobrindo.
Acho que terminei por agora, com a sensação de que disse um monte de coisa mas não disse nada.
Mas essa sou eu. Aspeta. Calma.