quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Luz no Absoluto.

Feriado forçado hoje. O cinema não pagou a conta de luz, uma quantia módica em torno dos 6 mil reais, e a Light se fez presente cortando a luz da gente. Imagine só, ficar devendo essa grana de Luz, e eu que me senti super culpada por ter atrasado pela primeira vez 1 dia o pagamento da minha conta de luz $53,23.

Acho que sou muito certinha. Já que tinha varrido, cozinhado, corrido, perdido a noite vendo Vale Tudo, uma vez que não poderia assistir no horário alternativo ao meio dia, fiquei sem ter o que fazer.
Sou certinha e lentinha, só espero não ser chatinha. Sinto falta da "concretude" do Ballet. Se eu não conseguia fazer uma pirueta eu sabia exatamente o porquê.
Ou tava sem eixo,  ou a cabeça não tava fixa como deve ser, perna froucha, enfim.
Eu via, eu sabia, eu buscava e me esforçava e pronto: Eu melhorava.
Essa idéia de melhorar, de querer ser melhor, cansa muito.
A gente tinha que se esforçar.
Nem precisava ser boa, mas tinha que ser esforçada. Eu me lembro que sempre que perguntavam, fulaninha é boa no Ballet? (No meu meio era quase como perguntar se a pessoa tinha caráter) a melhor resposta de todas era: É esforçada!
Isso é muito bom. Tinha até nota pra isso. Aí a gente cresce com isso, com essa mania de melhorar, de ser uma pessoa melhor e se não está melhorando é porque você não está se esforçando o bastante. Só que eu mesma nunca sei quando é isso.
Além de obsessiva, crítica, e certinha dizem que sou teimosa.

Não sei bem se foi minha personalidade que “combinou” com algumas premissas do Ballet clássico ou se ela se deixou moldar por ele. O que eu sei é que me bato muito nessas questões: Certo, errado, depende, Ah, vai de cada um, faz o que vc acha que é certo, o que é melhor pra vc. E a pior de todas: ouve seu coração.
Tenho pra mim que meu coração ou é mudo ou é muito tímido pra se expressar assim, num momento de tensão.
Eu queria que tivesse um índice de esforço pra gente poder visualizar, tipo uma conta de luz e gás que chega na sua casa todo mês. Um colesterol da vida tem que estar abaixo de 200, não é, o índice de esforço teria que estar, vejamos, acima de 70 pelo menos. Sei lá, aí vai de cada um mesmo, sorry. Mas não.
O que resta é a nossa consciência. Agora pronto. Pausa Tchekoviana.

Quando criança a gente ouve que isso é certo e aquilo é errado.
Vira adulto e acha que algumas dessas verdades são absolutas.
Se formos inteligentes e sensíveis o suficiente para absorver o mundo a nossa volta tal qual ele é, e não como ele nos foi ensinado, doutrinado, a gente percebe que elas, as verdades absolutas, não existem, e sendo assim, o conceito de certo e errado acaba sendo um fator relativo, de acordo com circunstâncias, de acordo com culturas, credo, raça.
De acordo com inúmeras variáveis onde não há espaço para o absoluto.

Eu queria não querer acertar.
Ou melhor, não achar que eu tenho que acertar para que algo aconteça.
Não me importar em errar, mas uma vez errando aprender a conviver com isso, com o dito erro, com a suposta falha.
Sem drama, açoites e culpas. 
Não me castigar assim como também não ser impiedosa com um provável e inevitável erro do outro.

“ Não existe certo ou errado. Agimos conforme o necessário.”
Bergman, Morangos Silvestres.

Um comentário:

  1. Um "ballet" da vida, ensina muito mais do que a gente imagina...na minha opiniao boas licoes para uma vida inteira.

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