segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fichas "quicantes"


Às vezes eu tenho a impressão de que minhas fichas não caem nunca.
Elas quicam. Quando eu acho que entendi alguma coisa, que finalmente já posso mudar de nível no vídeo game, trocar de faixa no Judô eu volto uma casa no tabuleiro. 
Sempre que sinto isso me lembro de um livro que li da Isabel Allende, Paula, quando não sei bem se ela ou outra pessoa fala que nós crescemos como num espiral ascendente, de forma que temos sempre essa sensação de repetição, de que as coisas não mudam, de que não estamos saindo do lugar. 
Porém sendo a trajetória ascendente estaríamos sempre um pouquinho acima daquilo do que já passamos, e como nem sempre conseguimos nos distanciar para perceber essas pequenas variações, enlouquecemos, surtamos,   nos entregamos a um negativismo de pensamento condicionado. 
Achamos que nada muda nunca, que somos os mesmos, com os mesmos erros, características, condenados a uma mesmice. Talvez sim. Talvez não.

Isso também me fez lembrar de outro livro da Isabel Allende.
A Casa dos Espíritos. 
Se ao final da nossa vida, pudéssemos colocar em sequência tudo aquilo que nos aconteceu, quadro por quadro, poderíamos entender o porquê que tudo foi como foi, e assim, com sorte, entender porque tudo é como é.

Bem, diante da "Dica" seria muito mais emocionalmente inteligente, e porque não dizer também, menos desgastante se a gente não se consumisse tanto.
Fôssemos mais generosos com nós mesmos, e aproveitando o ensejo, com os outros também. Penso pra mim isso: Mais calma (não apatia), mais paciência!
Eu acho que eu era o tipo de criança que naquelas experiências escolares, do feijão no algodãozinho, ficava olhando o algodão querendo “ver” a coisa acontecer. 
Até que eu me distraía, minha atenção mudava de foco e quando eu ia ver, tava lá, o feijãozinho brotando....

Enquanto isso na sala de justiça, vou vivendo das minhas fichas acrobatas e daquilo que elas me permitem entender. 
Me pregando peças, fazendo achar que sei, que entendi, mas depois dão uma cambalhota e me deixam no ar. Vai ver que é assim mesmo não é?
Já que eu entendi que é assim, que não é pra entender, ou melhor, que não é pra querer reter o aprendizado, já o transformando em dogma, não levando em conta de que tudo pode mudar a qualquer momento, melhor deixar o aprendizado "solto". Assim como veio, vai.

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